quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Notícias : Centenário do Salgueiros entre a nostalgia e a esperança no futuro

O Salgueiros assinalou, esta quinta-feira, o seu 100.º aniversário com muita alma, saudosismo e alguma nostalgia, mas com a convicção de que, depois de ter batido no fundo, o futuro só pode ser melhor.
Carlos Abreu, histórico presidente e actual elemento da Comissão Administrativa do clube, defendeu à Agência Lusa que "o corpo do Salgueiros já saiu dos cuidados intensivos, embora continue em convalescença, e a alma está pujante e vital".
"É um feito notável o Salgueiros chegar aos 100 anos, dadas as actuais circunstâncias e a crise que viveu a partir de determinado momento da sua história", referiu Carlos Abreu, à margem das comemorações do centenário.
Os pontos altos das comemorações do centenário do popular clube de Paranhos centraram-se no jogo de futebol com o Vilarinho, num torneio de pólo aquático e na clássica Volta a Paranhos, em atletismo.
"Termos atingido os 100 anos é a demonstração da nossa força, vitalidade, perseverança e do teimar de um conjunto muito alargado de salgueiristas que se mantiveram fiéis ao clube, que souberam apoiá-lo, estar com ele e o trazer até aqui", referiu.
Para Carlos Abreu, dirigente que levou o Salgueiros à Taça UEFA, na época de 1991/92, o futuro do clube "é risonho, face às capacidades demonstradas na superação das dificuldades".
"Pior do que estamos nunca mais vamos estar e prevejo que, devagarinho, passo a passo, vamos cimentar a nossa caminhada rumo a um Salgueiros idêntico ao que foi no passado", defendeu Carlos Abreu.
Impedido de continuar a competir, devido às dívidas ao Fisco e Segurança Social, o clube ressurgiu num "corpo clonado" sob o nome de Salgueiros 08 no escalão mais baixo da Associação de Futebol do Porto.
"O Salgueiros 08 é um apêndice do Salgueiros e está no bom caminho para realizar o sonho de regressar aos Nacionais. Não depende só de nós, mas também dos nossos adversários, mas penso que temos equipa e força para conseguir esse objectivo", disse.
O futebolista Albertino, que apesar dos seus 40 anos e cabelo grisalho ainda veste a camisola do clube, recorda com "alguma nostalgia o Salgueiros de há 20 anos, que nada tem a ver com o de hoje".
"O nosso intuito é regressar o mais rápido possível aos Nacionais", confidenciou Albertino, acrescentando que "a alma do Salgueiros está a renascer, depois de ter estado nas cinzas, e está no bom caminho".
Os indefectíveis apoiantes do Salgueiros constituem a verdadeira alma do clube de Paranhos, que acompanham para todo o lado, dado que o Salgueiros vive com a "casa às costas", e a falta de um recinto de jogo próprio é a sua principal mágoa.
Para o adepto Carlos Vasconcelos, que assistiu ao jogo com o Vilarinho no emprestado estádio do Padroense, "a diferença para o Salgueiros de Vidal Pinheiro é brutal e não tem comparação".
"Sinto muita nostalgia desses tempos. Nasci em Paranhos e faz muita falta o campo de Vidal Pinheiro (que foi demolido para dar lugar a uma estação de metro)", referiu Carlos Vasconcelos.
Para Humberto Costa, que sempre que pode assiste aos jogos, saudade e nostalgia são sentimentos que se cruzam quando fala do Salgueiros, que considera um clube que tem ainda muita a dar.
"Acho que a alma está com mais força, mais vida, e com estes 100 anos vai ainda melhorar. O Salgueiros está forte em muitas modalidades e o regresso aos Nacionais seria a melhor prenda para os associados".
Para a história do jogo com o Vilarinho, da Divisão de Honra da AF Porto, fica a vitória do Salgueiros, por 1-0, e a constituição da equipa de Paranhos: Ivo, Joel, Monteiro, Vítor Fróis, Moreira, José Augusto, Pinheiro, Orriça, Agi, Pedrinho e Quim Ferraz.
No banco dos suplentes do emprestado Estádio do Padroense, ao lado do treinador José Manuel Teixeira, sentaram-se Bura, Correia, Cambey, Luís, Tostes e Albertino.

in Jornal de Notícias

2 comentários:

in Jornal Público disse...

Salgueiros 08

O presente do Salgueiros é, contudo, muito delicado. No início deste século, depois de anos de má gestão, o Salgueiros afundou-se numa crise financeira gravíssima, de que resultou a queda da sua equipa de futebol, a mais representativa do clube, nos escalões inferiores, que incluiu uma despromoção administrativa da Liga de Honra e terminou, em 2004, na extinção dos seniores, uma vez que o clube estava (e está) impedido de inscrever novos jogadores. Segundo Carlos Abreu, o Salgueiros tem uma dívida acumulada de cerca de 15 milhões de euros e tem como credores o fisco, a Segurança Social e vários antigos atletas. “Nos últimos anos, já abateu muitas centenas de milhares de euros dessa dívida, mas é uma situação muito complicada”, referiu o dirigente, que regressou ao clube em 2005, depois da saída de José António Linhares.

As modalidades funcionam sem casa própria. Vidal Pinheiro já não existe e o novo complexo em Arca d’Água nunca passou da fase de projecto. No local do antigo estádio, o Salgueiros, sem recintos próprios e património, vai usando um sintético com poucas condições num terreno que pertence à Metro do Porto e que não chega para as encomendas.

A solução para o Salgueiros reactivar a sua equipa sénior foi a criação de um clube clone, o Salgueiros 08, que surgiu em 2008/09 e não teve outro remédio que começar por baixo, na II Divisão da Associação de Futebol do Porto. Desde então, a equipa amadora, apesar de estar nos Distritais, arrasta consigo uma grande massa de adeptos, que recuperaram a famosa “alma salgueirista”, agradam aos tesoureiros dos adversários e desejam já esta época o regresso aos Nacionais - o Salgueiros ocupa o 1.º lugar da Divisão de Honra da AF Porto. No entanto, a desejada fusão com o Sport Comércio e Salgueiros só poderá acontecer quando solucionar o grande problema da dívida.

Anónimo disse...

Quem é centenário é o SC Salgueiros, não o Salgueiros 08, não se aproveitem.

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